
O seu reino era cercado por grandes Pinheiros. Não era bem o reino dele, pois ainda pertencia ao seu avô, e depois desse viria o seu pai. Mas um dia, seria dele.
Não precisava de grandes muros, como os reinos vizinhos; nem fossos e maciços portões, pois era pacífico. Suas riquezas não eram cobiçadas pelos outros: havia apenas um riacho, um lago e um céu estrelado. O pequeno herdeiro ajudava a alimentar as galinhas, a colher as hortaliças e pregar as tábuas soltas dos casebres.
Assim era a rotina no Reino, até que o seu soberano adoeceu. A nobreza sentiu-se impotente e, fechados em uma enorme sala, discutiram silenciosamente quais os futuros possíveis. Era um Rei amado, mas os melhores curandeiros e feiticeiros viviam muito longe e não eram nada caridosos. Seu pai, o próximo na linhagem, foi o porta voz da decisão, e depois de muito ponderar, anunciou que venderiam o Reino. Com o dinheiro cruzariam fronteiras, na busca pela melhor cura possível.
Todos sabiam que o Rei-avô não viveria para sempre, mas o pai esqueceu-se disso, como apenas um amoroso filho, com tantas novas responsabilidades, poderia.
Hoje não existe mais o Reino. Na época, o garoto pensou como poderia reavê-lo. Planejou o momento para isso, queria estar pronto. Iniciou sua própria jornada: foi estudar, pois sabia que precisaria de conhecimento; e foi trabalhar, pois sabia que precisaria juntar riquezas. A luta por espadas e guerras até que foi considerada, mas não era muito compatível com a personalidade dele.
Nesta longa jornada, tornou-se homem e outras conquistas tornaram-se mais importantes. No entanto, claro, ainda sonha com o reino; mas de outra forma. Lembra-se, até hoje, em várias das suas noites mais tristes, de seu Rei-Avô, do coaxar dos sapos e estrelas cadentes; de correr, nadar e subir em árvores.
O homem escolheu uma nova terra, muito distante e diferente, mas sua. As primeiras mudas de pinheiro estão prontas para o plantio.
Deixe um comentário