
Calor
– Está tudo pronto?
– Sim, irmão. Meu barco irá partir com a lua nova. Nos encontramos depois, finalmente na Itália!
Eles alcançaram a Líbia após uma perigosa rota terrestre, mas agora, frente ao mar, teriam que se separar. Abraçaram-se por muito tempo e se permitiram finalmente chorar.
Três dias depois, enquanto se debatia nas águas geladas do Mediterrâneo, Kaled ainda sentia os braços e lágrimas de seu irmão o esquentando.
Frio
A astrobióloga retirou a luva e capacete. “Vejam, está chovendo!”, gritou animada. O grupo desconfiou se a atmosfera daquele planeta era mesmo segura, mas, bem… Por que não? Arriscaram.
“Então, como se sentem? Aposto que não existe algo assim nas Naves-Colônias!”, continuou ela, com a mesma empolgação.
“O que eu sinto?” refletiu o Engenheiro-Chefe. “Um enorme desperdício, tanta água caindo para nada e sobre nada, sem nem ser canalizada!”.
Textura
Foi apenas um breve descuido, mas ela não viu a curva. A estrada pela Serra do Mar já era conhecida como traiçoeira. O carro capotou pelo barranco uma, duas, cinco vezes, com aquela imagem do oceano-céu-chão, oceano-céu-chão, repetindo-se à cada volta.
Disseram-lhe que nunca mais sentiria os pés. Nem o áspero dos granitos ou a areia quente. Até mesmo as cócegas horríveis que seu namorado lhe fazia, seriam nostálgicas.
Deixe um comentário